31.
Das palavras e dos silêncios
Cheio de onda, Rubem Alves conta de uma mulher que, havendo perdido um seio, chorava abraçada ao marido, “sentindo-se mutilada na sua feminilidade e beleza”. Será que ele ainda a amaria, assim? Mas ele lhe abraça com ternura. E tendo-a colada a si, seu peito onde antes era o peito dela, diz: “De agora em diante, ao abraçar você, o meu peito estará mais perto do seu coração”. Está lá no Mais badulaques, publicado pela Parábola Editorial, em 2004, na página 69.
[Pausa dramática].
Uma amiga, rindo muito, me conta de um moço que, para conquistá-la, disse-lhe que ela era linda como “uma deusa grega”. Ela, na hora, somente conseguia ter vontade de rir com a cantada tão, tão cafona; cafoníssima.
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Moral da história: às vezes, e a depender da situação, a melhor palavra é o silêncio - que não é palavra nenhuma.