terça-feira, 12 de julho de 2011

34.


Sobre a Verdade e o seu silêncio



“Não mascarar o real com palavras provoca alegria ou raiva”, disse Liezi (ou Lie Tse), um dos maiores pensadores do taoísmo. Algo, sem dúvida, muito semelhante a um provérbio italiano que recomenda: “Diga a verdade e saia correndo”. Como um Pilatos a outros Cristos, também eu, diante de todos os mestres da razão e da sabedoria assistemática, perguntaria: O que é a verdade? Quid est veritas? E não aceito que a resposta, como dizem alguns, recorrendo à virtuosa figura de Cincinato, esteja, já, aí, na própria pergunta: Est vir qui adest. (ou: “É o homem que é antes de ti”). E não uso de falsa retórica. Os sábios (os sábios mesmo) calam-se diante dela, de uma definição última para ela – ao menos aqueles que não invocam o ponto cego da religião, ou do fundamentalismo violento de qualquer argumento. Sócrates, por exemplo, e no máximo, arriscava-se a dizer que “a verdade não está com os homens, mas entre os homens”. E o silêncio do Cristo, à pergunta de Pilatos, é comovente.


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