sábado, 9 de julho de 2011

32.


Contra a ideia do herói


Todo mundo, um dia, já sonhou em mudar o mundo, não mudando nada, realmente – conformando-se à maioria que procura esquecer isso que é uma ilusão natural da adolescência, da juventude. E assim, embora existam uns poucos que consigam pequeninas revoluções, o mudo continua a ser, em sua grande constituição etnográfica, massificado por essa gente pequena, desiludida, conformada, acomodada ao curso dos rios, levada pelos ventos do tempo, da Grande História do mundo. Mais cômodo e fácil é adotar a pseudofilosofia de Mahatma Gandhi: “A única revolução possível é dentro de nós,” pois “aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.” A mudança de todos começa em cada um de nós... e é andando que se caminha. Não! Não assim, Helena. O coração quer mais; e quer logo, agora. Isso, talvez, explique, de algum modo, o fascínio por heróis, por deuses, por religiões, por isso e por aquilo. Este poder de ir além do pequeno e frágil que é tudo: a vida, o mundo, o humano, et cetera. Heróis! Ah!, os heróis! Não se cresce nunca enquanto não se abandona de uma vez por todas a ideia do herói, de heróis. Não se cresce nunca, portanto. O que cresce e envelhece, realmente, são os brinquedos dos nossos desejos. E queremos outros, novos e maiores. Sempre, sempre, sempre...


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