terça-feira, 29 de maio de 2012


2.





Do amor entre Meursault e Marie, n’O estrangeiro (de Camus)



Aquele que se deixa prender por uma alegria / Rasga as asas da vida / Aquele que beija a alegria enquanto ela voa / Vive no amanhecer da Eternidade.
– William Blake*


A morte está no início, no meio e no fim de O estrangeiro (L’étranger), de Albert Camus – que Roland Barthes diz ser “o primeiro romance clássico do pós-guerra”, e Manuel da Costa Pinto, à edição brasileira da BestBolso1, apresenta-o como “um dos livros mais enigmáticos da literatura francesa do século XX, [...] assimilado às vanguardas”2, etc. O estrangeiro, juntamente com O mito de Sísifo (Le mythe de Sisyphe), do mesmo ano, e a peça Caligula (1941), formam a “trilogia do absurdo” (ou ciclo, como é mais comum).
De fato.
O início do primeiro parágrafo da “Parte I” dá o tema: “Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem. Não sei.3” E o que segue, a cada começo dos capítulos, mantém o mote da gratuidade da vida, da inevitabilidade da morte, da contemplação do vazio de sentido assomado ao metodismo complacente de um homem como Gregor Samsa, personagem d’A metamorfose (Die Verwandlung, 1915) – tão bem referenciado no início do capítulo 2 da Parte I, em que Meursault é um reflexo estendido de Samsa: “Ao acordar compreendi por que meu patrão se mostrara aborrecido quando lhe pedi meus dois dias de licença: hoje é sábado. [...] Mas, por um lado, não é culpa minha se enterram mamãe ontem em vez de hoje...4” O “estrangeiro”, aí, é “o estranho”, em referência àquele sentimento que se tem diante do mundo e do Outro: de distanciamento e inadequação, algo próximo ao outsider de Norbert Elias5. Uma estranheza que também é notada em Kafka, n’O processo (Der Prozess, 1925): “Em O processo”, Camus afirma, “Joseph K. é acusado. Mas não sabe de quê. Ele por certo quer se defender, mas ignora por quê.6” Também Meursault, que sabe o motivo, mas não o porquê do motivo. Assim, não há o que dizer além da verdade, que parece absurda e digna de riso. Quando convocado a falar em sua defesa perante o juiz e as testemunhas, depois de ser acusado de indiferente (à morte da mãe), assassino frio e calculista e imoral, segundo os pios valores cristãos, somente pode afirmar “rapidamente, misturando as palavras, que fora por causa do sol. Houve risos na sala.7” E por toda a parte, durante o julgamento, Meursault diz e rediz não entender o que se passa, ou por que se passa assim. Sua obstinação, bem como a consciência de seu crime, não tem uma natureza moral, de algum arrependimento; é, antes, fortalecida pela presença de um enfado acerca de tudo, que é absurdo e gratuidade... e c’est la vie. Não que ele quisesse morrer, não; mas a morte era inevitável, agora ou depois, daqui a vinte anos. E, se já, que diferença faria?, que importância o tempo a mais, excedente, traria? “Todos sabem que a vida não vale a pena ser vivida”8, ele diz. “No fundo, não ignorava que tanto faz morrer aos trinta ou aos setenta anos, pois em qualquer dos casos outros homens e outras mulheres viverão, e isso durante milhares de anos. Afinal, nada mais claro. Hoje, ou daqui a vinte anos, era sempre eu que morria.9” Viver não é uma dádiva, mas uma realidade fatal. Não há saída. Ele lembra-se (final do capítulo 2 da Parte II) do que conversara com a enfermeira, durante o enterro de sua mãe: “Não, não havia saída, e ninguém pode imaginar o que são as noites nas prisões.10” Na referida (final do capítulo 1 da Parte I): “Se andamos devagar, arriscamo-nos a uma insolação. Mas se andamos depressa demais transpiramos e, [ao pararmos, à sombra], apanhamos um resfriado.11” “Tinha razão”, ele concorda com a enfermeira. “Não havia saída”.
É durante os dias que se arrastam pelo seu julgamento que ele, do banco dos réus, lembra-se “que durante todo o processo não tinha procurado uma única vez Marie com o olhar. Não a tinha esquecido, mas tinha estado muito ocupado.12” Como? Que ocupação? Meursault estava preso e sua única ocupação era pensar e comparecer aos julgamentos, aos quais era obrigado, e arrastado. Não havia ocupação, apenas a letargia sentimental estrangeira, jogando-o para longe de tudo e de todos. Meursault é o homem absurdo d’O mito de Sísifo: sem justificativas à moral, a Deus ou ao romantismo: “O homem absurdo só pode admitir uma moral, aquela que não se separa de Deus: a que se dita. Mas ele vive justamente à margem desse Deus. Quanto às outras morais (incluo também o imoralismo), o homem absurdo não vê nelas senão justificativas, e não há nada a justificar.13” Sim, e é o que explica a sua indiferença diante do juiz que lhe podia livrar da morte, que

Bruscamente, levantou-se, dirigiu-se com grandes passadas para a extremidade da mesa e abriu a gaveta de um arquivo. Tirou um crucifixo de prata que brandiu na minha direção. E com uma voz completamente alterada, quase trêmula, gritou:
– Será que conhece este aqui?
– Sim, é claro – respondi.
Disse-me, então, muito depressa, e de modo apaixonado, que ele acreditava em Deus, que tinha convicção de que nenhum homem era tão culpado para que Deus não o perdoasse, mas que para isso era necessário que o homem, pelo seu arrependimento, se transformasse como que numa criança, cuja alma está vazia e pronta para acolher tudo.14

 Meursault é também um Kierkegaard que, à sua maneira, não consegue dar o salto da fé15... e nem o deseja. Tanto que, quando o padre capelão vem ter com ele, pouco antes de ele ser conduzido à guilhotina, continua irredutível, considerando essa conversa como mais um enfado desnecessário. Por ele, ou contra ele, chega à sua reação mais violenta – pois consciente, sem a embriaguez daquele sol –, que descreve: “Queria continuar a me falar em Deus, mas eu avancei para ele e tentei explicar-lhe, pela última vez, que já não dispunha de muito tempo. Não queria perde-lo com Deus. [O capelão] tinha um ar tão confiante, não tinha? No entanto, nenhuma das suas certezas valia um cabelo de mulher...”16
... uma mulher como Marie, por exemplo, Marie Cardona. A “Marie que”, ele diz, “queria que eu me casasse com ela.17” A mesma Marie que ele havia esquecido, divagando sobre tudo o que fizera, e sobre a sua vida na prisão e sobre a condição miserável que é viver, e morrer... ou viver para morrer. Não, não era um esquecimento proposital, somente um hiato anômico entre ama última visão e esta, nova: “Eu a vi entre Céleste e Raymond. Fez um pequeno sinal, como se dissesse ‘enfim’ e vi sorrir seu rosto um pouco ansioso. Mas sentia o coração fechado e nem sequer fui capaz de corresponder a seu sorriso.18” “O absurdo não liberta, amarra” – está n’O homem absurdo19. E: “Se amar bastasse, as coisas seriam simples. Quanto mais se ama, mais se consolida o absurdo.20” À Marie, porém, ele nunca amou; nunca pode ir a tanto.
Marie. Quem era Marie?
Meursault a conheceu no dia seguinte ao enterro de sua mãe, na praia – e isso lhe foi imputado negativamente diante do juiz e de todos do/no tribunal. Era um domingo de sol em Marengo. Ele fazia a barba, pensando sobre o que poderia fazer por ali, antes de voltar para Argel, e para o refúgio tranquilo do seu emprego.

[...] decidi tomar um banho de mar. Uma vez lá, mergulhei no canal. Havia muitos jovens. Na água encontrei Marie Cardona, uma antiga datilógrafa do escritório que eu desejara na época. Ela também, creio eu. [...] Ajudei-a a subir numa boia e, nesse movimento, rocei os seus seios. Eu estava ainda na água quando ela já se deitara na boia, de bruços. Virou-se para mim. Os cabelos caiam-lhe nos olhos e sorria. Ergui-me até ficar ao seu lado. O tempo estava bom e, de brincadeira, deixei cair a cabeça para trás e encostei-a na sua barriga. Não reclamou, e eu fiquei assim. Tinha o céu inteiro nos olhos, e ele estava azul e dourado.21

Combinam ver, à noite, um filme de Fernandel (Fernand Joseph Désiré Contandin), no cinema. Lá, ele a beija, de modo desajeitado. Ela acaba indo à sua casa, depois. Conversam, transam, dormem. Quando ele acorda, ela já saiu. Ele lembra que ela havia falado em visitar uma tia. “Então, virei-me na cama, busquei no travesseiro o cheiro de sal que os cabelos de Marie tinham deixado...22” Daí em diante, estará sempre se encontrando com ela. Como no sábado da semana seguinte. Ela está em um vestido de listras vermelhas, e sandálias de couro; ele a deseja profundamente, adivinhando seus seios firmes e queimados pelo sol da praia, que têm em sua imaginação o aspecto de uma flor. Decidem ir à praia novamente, a alguns quilômetros de Argel. “Marie chegou perto, então, e colou-se a mim na água. Colocou a boca contra a minha. A língua dela refrescava-me os lábios, e rolamos por instantes nas ondas.23” Ela o encara com os olhos brilhando, está apaixonada. Apressam-se a encontrar um ônibus para voltarem à casa dele, e à sua cama. Transam, cansam-se, depois descansam nus sobre a cama, enquanto a noite de verão escorre por seus corpos bronzeados. Ela decide ficar com ele até a manhã; quer fazer-lhe o almoço. Ele sai para comprar carne. Quando retorna, ela

Estava com um dos meus pijamas, do qual arregaçara as mangas. Quando riu, voltei a sentir desejo por ela. Instantes depois perguntou-me se eu a amava. Respondi-lhe que isto não queria dizer nada, mas que me parecia que não. Ficou com ar triste. Mas ao preparar o almoço e a propósito de nada, voltou a rir, de tal forma que eu a beijei.24

Na semana seguinte, é Marie quem vai buscar Meursault e, novamente, pergunta se ele quer casar-se com ela. “Disse que tanto fazia, mas que se ela queria, podíamos nos casar.” Ela quer saber se ele a ama. “Respondi, como aliás já respondera uma vez, que isso nada queria dizer, mas que não a amava.” “Nesse caso”, ela pergunta, “por que se casar comigo?” “Expliquei que isso não tinha importância alguma e que, se ela o desejava, nós poderíamos casar. Daí a pouco é ela quem se pergunta se o ama; disso, porém, ele nada pode saber, ou dizer. Ela diz que ele é uma pessoa estranha e que, talvez por isso mesmo o amasse, “mas que talvez um dia, pelos mesmos motivos, eu a decepcionaria.25” Ele fica calado. Ela o abraça e, sorrindo, declara que quer, sim, casar-se com ele.
No domingo seguinte, com Marie e em companhia de amigos (Raymond, Masson e sua mulher, uma francesa), Meursault terá momentos alternados entre a alegria e a embriaguez sangrenta do sol cegante. Na praia, envolve-se em uma briga com alguns árabes, inimigos de Raymond. Depois que tudo parece haver se resolvido, ele retorna à praia, sozinho e armado com um revólver que pertence a Raymond. Encontra o árabe que havia ferido seu amigo, e em um momento de tensão e delírio, mata-o.

Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz. Então atirei quatro vezes ainda num corpo inerte em que as balas se enterravam sem que se desse por isso. E era como se desse quatro batidas secas na porta da desgraça.26

Não poderia estar mais certo.
Somente depois de muitos dias é que verá Marie, que não pode visitá-lo antes, por não ser sua mulher. Na vez em que ela consegue, conversam pouco, em um ambiente tumultuado e confuso. “Você vai sair depressa”, ela lhe diz, “e vamos nos casar.27” Ele não tem a mesma esperança. É quando se lembra da conversa com a enfermeira, no dia do enterro da mãe: não há saída; não há esperança. Os repórteres aumentam as proporções do seu caso, para que os jornais vendam mais. O testemunho de Marie não ajuda muito, muito ao contrário: o banho de mar, o cinema, a ida à casa dele, um dia após o falecimento da mãe, que abandonara no asilo. Meursault, cada vez mais e aos olhos de todos, torna-se um monstro – uma barata enorme. Não há esperança; não há saída.
Da sala pequenina que “cheira à escuridão”, quase pode ouvir sua sentença; que ouve agora, nitidamente, ao ser reintroduzido na sala do julgamento. É condenado à morte por guilhotina. Sua cabeça seria cortada “numa praça pública em nome do povo francês”. Perguntam-lhe se ele quer dizer alguma coisa: “Não.” É a sua resposta28. A única que pode ser.   
Enquanto o dia não chega, as horas se arrastam, e Marie some. Ele lembra-se de lembrar-se dela:

Pela primeira vez em muito tempo pensei em Marie. Havia muitos dias que não me escrevia mais. Naquela noite, pensei muito e disse a mim mesmo que ela talvez se tivesse cansado de ser amante de um condenado à morte. Veio-me a ideia de que ela talvez estivesse doente ou morta. Era a ordem natural das coisas. Como poderia eu saber, aliás, já que, além dos nossos corpos agora separados, nada nos ligava, nada nos lembrava um ao outro. A partir desse momento, a lembrança de Marie me passaria a ser indiferente. Morta, deixaria de me interessar. Achava isso normal, assim como compreendia muito bem que as pessoas me esquecessem depois da minha morte.29

No acesso de fúria que tem contra o padre, quando lhe pega pelo colarinho, Marie ainda é uma lembrança dolorosa, a “Marie que queria que eu me casasse com ela”, diz ao capelão. “Que importava que ela oferecesse hoje a boca a um novo Meursault?30” Não havia mais esperanças; não havia mais tempo; não havia mais nada. Mas isso tudo, afinal, não era lá uma coisa realmente muito importante. A cólera, porém, foi. Foi a sua última investida contra algum sentido da/na vida – que ele poderia desejar, e que jamais poderia ter. Seu prêmio foi o repouso tranquilo na terna indiferença do mundo. “Por senti-lo tão parecido comigo, tão fraternal, enfim, senti que tinha sido feliz e que ainda o era. Para que tudo se consumasse, para que me sentisse menos só, faltava-me desejar que houvesse muitos espectadores no dia da minha execução e que me recebessem com gritos de ódio.”31
O amor de Meursault por Marie, como o amor pela vida, não tem mais importância nenhuma, nunca teve. O desejo de amar e ser amado, se vai além do desejo sexual, é um sentimento estrangeiro, um absurdo.




*  “He who binds to himself a joy / Does the winged life destroy / But he who kisses the joy as it flies / Lives in eternity's sun rise.” (BLAKE, William. Eternity. In: HOWARD, John. Infernal poetics: poetic structures in Blake’s Lambeth prophecies. Cranbury, NJ: Fairleigh Dickinson Univ. Press, 1984. p. 102).
1 Selo da editora Best Seller, do Grupo Editorial Record, de São Paulo.
2 PINTO, Manuel da Costa. Prefácio à edição de bolso O estrangeiro, tragédia solar. In: CAMUS, Albert. O estrangeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010a. p. 5. Publicado em 1942 (antes da Segunda Guerra), O estrangeiro tem como cenário a cidade de Argel, terra natal do escritor, lugar onde viveu durante alguns anos e onde começou sua carreira de escritor e jornalista.
3 CAMUS, 2010a, p. 13.
4 CAMUS, 2010a, p. 25. E, no início d’A metamorfose, de Kafka: “Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. [...] – O que aconteceu comigo? – pensou. Não era um sonho. [...] Samsa era caixeiro viajante. [...] O olhar de Gregor dirigiu-se para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico. – Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices? – pensou, mas isso era completamente irrealizável, pois estava habituado a dormir do lado direito e no seu estado atual não conseguia se colocar nessa posição. [...] – Ah, meu Deus! – pensou. – Que profissão cansativa eu escolhi. Entra dia, sai dia – viajando.” (KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 7-8). 
5 Cf. ELIAS, Norbert. The Established and the Outsiders: a sociological enquiry into community problems. Londres: Frank Cass & Co, 1965.
6 CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Rio de Janeiro: Edições BestBolso, 2010b. p. 127.
7 CAMUS, 2010b, p. 95.
8 CAMUS, 2010a, p. 103. Ou, como no tema central d’O mito de Sísifo: “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.” (CAMUS, 2010b, p. 19). “Viver, naturalmente, nunca é fácil.” (CAMUS, 2010b, p. 21).
9 CAMUS, 2010a, p. 103.
10 CAMUS, 2010a, p. 78.
11 CAMUS, 2010a, p. 24.
12 CAMUS, 2010a, p. 97.
13 CAMUS, 2010b, p. 73.
14 CAMUS, 2010a, p. 67.
15 “Não posso realizar o movimento da fé, não posso cerrar os olhos e lançar-me de cabeça, pleno de confiança, no absurdo; tal coisa é impossível, mas não me vanglorio por isso.” (KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1990. p. 47).
16 CAMUS, 2010a, p. 108. E, logo adiante: “Do fundo do meu futuro, durante toda esta vida absurda que eu levava, subira até mim, através dos anos que ainda não tinham chegado, um sopro obscuro, e esse sopro igualava, à sua passagem, tudo o que me haviam proposto nos anos, não mais reais, que eu vivia. Que me importavam a morte dos outros, o amor de uma mãe, que me importavam o seu Deus, as vidas que as pessoas escolhem, os destinos que as pessoas elegem, já que um só destino devia eleger-me a mim próprio e comigo milhares de privilegiados que, como ele, se diziam meus irmãos.” (CAMUS, 2010a, p. 109).
17 CAMUS, 2010a, p. 109.
18 CAMUS, 2010a, p. 97.
19 CAMUS, 2010b, p. 74.
20 CAMUS, 2010b, p. 75.
21 CAMUS, 2010a, p. 25.
22 CAMUS, 2010a, p. 26.
23 CAMUS, 2010a, p. 39.
24 CAMUS, 2010a, p. 40.
25 CAMUS, 2010a, p. 46.
26 CAMUS, 2010a, p. 60.
27 CAMUS, 2010a, p. 73.
28 CAMUS, 2010a, p. 98.
29 CAMUS, 2010a, p. 104.
30 CAMUS, 2010a, p. 109.
31 CAMUS, 2010a, p. 110.


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