domingo, 31 de outubro de 2010

Capítulo 3


A mínima fala: escousses provocativos a todo discurso filosófico-teológico que deseja-se levado à sério


Mote: “Tristeza, tristeza dos intelectuais! Tristeza, por exemplo, dos universitários! Sobre livros que ninguém lê, eles escrevem livros que ninguém lerá... É respeitável, comovente, se fazem isso por fidelidade ao passado e à sua função. [...] Erro ao dizer que ninguém os lê: a Universidade é um meio pequeno, mas necessário, que se reproduz assim, de professor a aluno, de tese em tese, de colóquio em colóquio... É só quando eles se levam a sério, ou seus livros, ou à sua carreira, que se torna acabrunhante de tédio e de ridículo” (André Comte-Sponville, O amor a solidão).



Escousses filosófico-teológicos

1.

Desejo e Vontade

A vida é essencialmente luta e, dela, é dependente. Sem o sofrimento não haveria o progresso – embora haja quem pense em um reino de paz perpétua, onde o sofrimento e a guerra inexistem. Neste mundo, que é le meilleur des mondes possibles (Leibniz), porém, tudo é dor, e guerra, e desejo, e sofrimento. O homem nasce só, vive só, morre só (Buda). Busca-se, pela ausência da dor, o prazer; mas o prazer, depois de alcançado – a não-dor, embora haja quem associe um ao outro –, é a dor de não mais desejar o que se desejava, e depois o desejo de outro “objeto” e, depois, mais outro ainda... Como a sede que não se mata, não pode ser saciada. Afinal, quem é que pode, realmente, “matar a sede”? Todos os nossos desejos são como afluentes de um único e mesmo rio que caminha para a dor... e se confundem (co-fundem) nos sinônimos que são lidos, às vezes, como se fossem antônimos. Eros e Tanatos são como Yin e Yang, noite e dia, guerra e paz... Wille und Leiden. E não há dualismo nenhum em tudo isso porque, no meio de tudo, esta o hiato que somos nós, as res cogitans.


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