sexta-feira, 26 de agosto de 2011

47.


Dos perfumes 


As imagens moram nos cheiros. Um navio que se desprende do cais e parte para longe, levando o amor da sua vida, está aí, agora, no fechar dos olhos quando vem o cheiro salgado da maresia. O longe se faz perto, na saudade entranhada no corpo: nos ouvidos, na boca, no nariz. As imagens moram nos cheiros, e nos frascos de perfume sobre o toalete. Um dia de sol intenso, por exemplo, e uma camponesa colhendo miosótis em um campo aberto, cabem perfeitamente em um frasco de 12/6cm.


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